domingo, 17 de abril de 2016

_ainda sobre o amor

"I wanna fly so high that I'll never come down. I wanna love so hard, it could rip my heart out. I wanna get so lost that I'll never be found. Are you with me? Are you with me?" - Easton Corbin



Realidade e amor ainda são contraditórios pra mim.
Pois eu defendo o Amor Romântico (e monogâmico, mas não necessariamente) com uma paixão política quase irracional de um protagonista de Godard. O Amor Romântico visceral e benevolente visto nos livros e cinemas existe. Sim, ele é dificil e de extrema prova e provação, um trabalho para o qual qualquer outro trabalho é apenas uma preparação. Ele existe e compensa. E constitui a maior oportunidade de amadurecer e tornar-se um mundo para si mesmo. E para um outro.
Livros e filmes romanticos não são uma ilusão. São uma realidade, porém dificil de interpretar. E para isso é necessaria muita sensibilidade.
A arte é uma arma carregada de sensibilidade. Tá explicado então, por que a arte é um substantivo feminino.
Devemos saber diferenciar o AMOR de sentimentos que caminham em sua marginalidade, como ciúmes, orgulho, expectativas, exclusividade e projeções. Quando entendermos que Amor é a honestidade e proteção mútua, na delimitação e saudação de duas solidões e individualidades evoluidas através de sua interação, o entenderemos.
E para isso, precisamos de maturidade. E para isso, precisamos de experiências amorosas.
Um dias desses, eu conversava com meu parceiro o quanto os nossos ex's - os amores contingentes, segundo Simone de Beauvoir - são importantes e quanto eu os respeito. Se hoje estamos construindo um relacionamento de honestidade e lealdade, é porque aquelas experiências passadas com nossos outros amores, nos tornaram melhores para esse nosso Agora. Nós somos os pedaços do que absorvemos das pessoas e das experiências da vida. Nós nunca poderemos substituir ninguem, pois cada um é feito de lindos e específicos detalhes.
E eu amo cada detalhe do meu parceiro. Eu digo que meu parceiro é melhor que o NetFlix, pois eu poderia assistir cada detallhe daquele lindo sorriso e estonteante olhar por horas. Nenhum script ou roteiro é melhor do que estamos vivendo ou iremos viver.
E toda essa discussão surgiu de um pequeno conflito. Por que as pessoas acham que conflito é tão mal? Muitas coisas boas nascem de um conflito. A gente tem uma preocupação enorme em resolver o problema e não descobrir quem errou ou acertou. A gente prefere ser feliz do que ter razão.
Talvez o fato de termos diferentes linguas maternas - eu o português e ele o inglês - ajuda muito, pois fazemos um esforço maior em compreender o outro e ser compreendido. Pois até mesmo os melhores podem errar nas palavras quando elas devem significar o que há de mais leve e quase indizível.
Eu acredito em Amor. Budista que sou, eu acreditava que Deus estava dentro de nós. Hoje sei que, se existe um Deus, ele está nesses espacinho entre duas pessoas.
Se houver magia nesse mundo, terá de ser na tentativa de entender alguem. Partilhar algo. Amar e ser amado. Sei que é muito dificil e quase impossivel, as vezes. Mas no que isso importa? A resposta está na tentativa.
Há muita beleza em toda parte.
E se o amor é fantasia, a minha vida é um carnaval.



segunda-feira, 8 de abril de 2013

_apaixonando-me por alí

Ele era do tipo que chama pouco a atenção,
Mas se visto, é de se levantar a sobrancelha
Numa combinação de óculos de aros grossos
concentrados em um livro de capa vermelha.

Despreocupado com teus chinelos gastos
de tanto andar pelos parques e Sebos.
É por tua simplicidade sem diferencial
que se destaca entre outros mancebos.

Imagino-te discutindo Chico e Caetano
Cinema europeu ou talvez Jorge Amado
Menino, se também gostares de teatro,
Fostes desenhado para ser meu namorado.

Perdendo-me nos teus cachos bagunçados
Nem precisaria de quaisquer eletrônicos
Pois sou daqueles românticos inveterados,
Que arranja nas ruas mil amores platônicos.


-
Inspirado em um desconhecido,
Uma despretenciosa paixão de parque.

PARA SE OUVIR APAIXONADO:
"Vagalumes Cegos" - Cícero

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

_apaixonem-se, isso é uma ordem!

“Não há nada melhor para uma alma do que tornar menos triste outra alma.”
- Paul Verlaine

Os baques dos nossos corpos ecoavam fortes e ritmados. Suas mãos estavam controlando minha cintura de uma maneira que o prazer fosse o máximo para ambos. Meus gemidos sonorizavam todo o tesão que se  expandia pelo meu corpo nu em contato com este outro, ora agressivo e sedento, ora amorosamente lascivo. Enquanto me mergulhava em um prazer de sentidos, ele ainda estimulava todo o meu corpo. Puxões de cabelo, mordidas na orelha, mamilos, pau e pés. Ele sabia exatamente os pontos. "Vou Gozar!", eu disse. "Eu também!", respondeu ofegante. Em uma sincronia perfeita, gozamos . Sempre gozávamos ao mesmo tempo. Ao gozar, ele era discreto, com os braços tensos e os dedos entreabertos, semi-abria a boca e enrugava as sobrancelhas, apertando os olhos por alguns minutos e em silêncio, a fim de curtir o orgasmo. Depois, mostrava-se ofegante. Eu, gemia alto não suportando o tesão, quase performático, e desabava em cima dele. E eu começava a rir. Rir por que o sexo foi divino e feito com maestria. Rir por que meu corpo mandava espasmos de felicidade e satisfação. Rir por que eu estava transbordando. Eu estava transbordando. Eu estava extremado. 

Deitado ao lado dele, meu corpo ainda teimava em mandar eletricidades de paixão, tão eufórico que meu racional não entendia. Em minha boca eu ainda sentia o gosto dele, dos seus pés, virilhas, axilas e lóbulos, e era um gosto delicioso. Ao abrir os olhos, fitei-o por alguns instantes e percebi que eu o amava. Pela primeira vez, eu amava. 
E eu sabia que o amava pois queria protegê-lo da melancolia e tristeza que ele teimava em curtir, queria transformá-lo apenas em sorrisos. Preocupava-me que ele estivesse alimentado, saudável e quentinho.
E eu sabia que o amava, pois ele era minha montanha russa. O único o qual eu não tinha controle total. Ele não fazia o que eu mandava e era uma incógnita bipolar. Ah, como eu amo incertezas.
Ali, eu sabia que o amava, por que o sexo foi satânico e meu demônio estava completamente nu.
Eu sabia, ah eu sabia, por que eu via claramente as suas falhas e adorava-as por que o humanizavam desenvergonhadamente. Falhas que me entristeceram por diversas vezes, mas as absorvia de uma maneira visceral.

Com ele, excursionei pelo meu interior, descobrindo lugares desabitados, os quais eu nunca coloquei meus pés e nem minha imaginação tinha consciência que existiam. Entendi as músicas de amor, Chico Buarque, Los Hermanos, Tiê e Caetano Veloso. Entendi poesia. Fui poesia... Fui Poesia. Poesia feliz e efusiva. Poesia raivosa e magoada. Poesia sentida.

Faço a medição da intensidade de minha vida, pela quantidade de "Primeiras Vezes" que tive no ano. São sempre mais intensas, mais incertas e dão um medinho tão gostoso. Tratando-se de AMOR - coloco-o em letras maiúsculas - obtive muitas Primeiras Vezes esse ano e todas valeram muito a pena. Absorvi muito e reverberarei ainda mais. Não estou mais mais namorando com esse amor, mas com certeza ainda estamos nos amando. E pra quem diz que não deu certo, eu discordo. Deu certo. Deu muito certo!

Obrigado, Rafa.
Agora, somos amigos. Amigos, mas ainda um amor de hipopótamo.


“Só vim aqui pra agradecer o que a gente dividiu.
Do que é ruim eu me esqueço
O bom eu quero mais
Na tristeza eu quero avesso
Saiba que todo fim
É um recomeço
Pra nossa vida quero amor
O resto eu desconheço."
- Móveis Coloniais de Acaju


O MEU AMOR - Caetano Veloso e Ivete Sangalo (de Chico Buarque)




terça-feira, 30 de outubro de 2012

_isso é amor de idiota

.
Esse pessoal que fica apaixonado, ao mesmo tempo, fica tudo idiota. Digo "Idiota" no sentido literal e etimológico da palavra. É aquele indivíduo destituído de inteligencia, que só faz idiotices e é meio bipolar. Ora simplório de dar raiva, ora megalomaníaco de dar medo. Um idiota que, de tão apaixonado, fica com o rosto parecendo um coraçãozinho, daqueles que parecem uma bunda. Cara de bunda!

Confesso que sou do tipo heartbreaker, sabe!? Aquele perigote independente que até esquece esse negócio de amar outra pessoa e mimimi. Que olha para os casais e diz "isso é amor de idiota". Inclusive, eu aposto que você já teve ou têm um amor de idiota. 

Aquele que, quando você recebe uma mensagem de "Bom Dia, meu amor!". te deixa em polvorosa vendo sol onde não tem. Ou é daqueles que liga todo dia só para dar "Boa Noite!". Porra, para que ligar todo dia para dar Boa Noite? Não é óbvio que você quer que seu amado tenha uma boa noite, oras!? Alias, para que ligar todo dia, me diz? 
Isso é amor de idiota.

Ficar ansioso para ver seu namorado, sendo que o viu ontem, é o maior dos absurdos. Mais absurdo ainda é quando você ainda espera ele para ir embora... Porra, esqueceu o caminho?
Ciumínho besta, insegurança nonsense, abraçar apertado, querer beijar toda hora, mandar coraçãozinho de emoticons no WhatsApp, SMS, Facebook e o caralho a quatro, é tudo amor de idiota. Levar patada do seu namorado mal-humorado, e ainda assim querer beijá-lo, é amor de idiota.
Tudo um bando de idiota.

E eu digo o mais para vocês: 
Se a minha mandíbula já não aguenta mais tantos sorrisos, é por que eu estou um grande idiota há cerca de nove meses. E correndo o risco de parecer ainda mais idiota, confesso que meus olhos ainda arregalam-se e meu coração ainda fica em euforia transformando-se em um sorriso que parece uma puta, de tão aberto e sedento.

Há vários tipos de amores e demonstrações, mas tudo acima é amor de idiota. Finalizo esse texto com o meu muso inspirador nos pensamentos, um sorriso idiota e um suspiro idiota. Todo idiota.



"Se amar é uma fantasia, estou vivento em um enorme carnaval"
Vinicius de Moraes

segunda-feira, 16 de julho de 2012

_colore a minha vida com o caos do problema

Foi a madrugada mais fria do ano
e eu nem percebi,
por que eu estava ali
naquela cama com você.
Recebendo um abraço tão quente
que me queimou a cabeça
e trocou minha certeza
por uma dúvida clichê.
Quem disse que quero uma paixão
que chegue a perfeição?

Não existe uma reciproca verdadeira
já que cada um ama da sua maneira.
E mesmo se existir um outro alguém,
que te detém, e de mim te detém
que te machuca e me incomoda também.
De que me importa
essa ligação por tabela
eu já abri a minha porta, para você
que enche de possibilidades minha janela.
Jogue fora essa sua tramela
e continue me fazendo feliz,
por que quando eu estou com você
vejo a felicidade na ponta do nariz.

Sinto uma euforia calma em cada beijo
traduzido em um "para sempre" efêmero
com gosto sentido pela mão,
um forte tempero
de 'desconfortar' o coração.
Transforma o meu corpo
em um mundo a ser conhecido
louco para ser transbordado
e enlouquecido com olho admirado,
não cabendo em mim mesmo,
olhando a esmo
para a eternidade dentro de mim.

Moço, que me provoca o gozo
Me deixa tonto, mas já pronto
para outro regalo sem intervalo de você.
Te engarrafo e bebo no gargalo
com tanta vontade de me meter.
Depois te tanto amasso
me acabo no seu abraço
que eu demoro a esquecer.

Não quero pensar no que vai vir
Quero você agora
e pela aurora adiante.
Doravante, sem medo de irmos embora
te cuidando por todo o anoitecer
Num desesperado e calmo afã
Como se tudo fosse terminar
amanhã de manhã.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

_lá, cá ou logo ali

Você leva um fora pela primeira vez e se prepara para a fossa...

EXPECTATIVA:


REALIDADE:


Por que tudo que eu absorvo, quero que reverbere em sorrisos
Visto minha amarela, olho pra janela com um coração em buliços
Inquieto, como um arquiteto, construindo sem uma planta, se quer.
Por que é vivendo sem adivinhar um futuro que aproveita o que vier
Ver o lado bom não é mais escolha, é obrigação. Não se encolha
que o mundo jaz é defunto. Num segundo, dançar para não viver em vão.
Eu estou feliz não-tão-feliz eu estou torto eu não vou esconder
como todos me dizem que devo mostrar-me feliz, para mostrar para você
Para que evidenciar, se a felicidade sempre esteve aqui?
Cá ou lá, para onde você olhar. Doravante mais feliz.
Te encontro logo. Logo antes. Logo ali.

domingo, 8 de julho de 2012

_aproveite essa fossa, menino!

"A gente se deu tão bem
Que o tempo sentiu inveja
Ele ficou zangado e decidiu
Que era melhor ser mais veloz e passar rápido pra mim"
O Tempo - Móveis Coloniais de Acaju


Um fígado frito, daqueles bem mal temperados, para todos que dizem que devemos "curtir" uma fossa. 
Sabe "fossa"?! Aquela sensação pós término de relacionamento amoroso?! 
Pois é, sempre diziam-me que era uma sensação ruim, mas é mentira. Se você nunca provou uma fossa, tenho algo para lhe contar: É pior do que te dizem. Em menos de doze horas, provei todos os sentimentos conhecidos e desconhecidos. Minhas decisões incontestáveis e imutáveis, mudavam depois de trinta minutos. Os dez minutos entre as 14:30 e 14:40, duravam cerca de quatro horas. E meu corpo carregado em efusividade, ainda demonstraria um sorriso apático. Por um dia, eu esqueci que ainda existiam MM's amarelos.

Uma fossa, por mais desconfortável que seja, é incrivelmente interessante. Se bem mergulhada, só te faz perceber tudo o que valeu a pena no relacionamento, bem como o que você absorveu de maravilhoso. Ganhei a sensibilidade de entender o que Chico Buarque me dizia e o que algumas músicas não me diziam em outros momentos. Aprendi que opiniões divergentes só crescem sua sensibilidade e percepção de mundo. Aprendi que em um relacionamento não existe doação, mas querer ausentar-se do Orgulho. Vê que é preferível ser feliz do que ter razão. E percebe que se é maduro, quando abraçaria a pessoa com a ternura, sem nunca desejar que ela sinta essa dor inicial de um término. Ao fechar os olhos, eu penso em você e só consigo sorrir.

Mordidas fortes que tinham como respostas meus sorrisos. Conversas de uma hora, inconclusivas, com unica finalidade de um "Boa noite!". O Gozo sexual que chegava ao mesmo tempo, sincronia e conexão total na petit mort, em um espetáculo de sexo sem ensaio ou script. O amor não nos quis, então azar do amor que não soube nos amar.

Um ciclo termina, representativo das preliminares de um relacionamento melhor ainda, que virá, onde os dois, de fato, só tem a ganhar.

"It's hard to dance with a devil on your back
So shake him off, oh woah
Shake it out, shake it out
Shake it out, shake it out, oh woah"
Shake it Out - Florence + The Machine


Ao único e eterno hipopótamo bostinha, meu poema de Drummond.

Cena do filme PINA (2011), de Win Wenders