terça-feira, 1 de setembro de 2009

Simplesmente Feliz

- Estou sentindo carregar um peso enorme em minhas costas. Todas as pessoas que eu achei que me ajudariam a carregá-lo, não estão mais aqui - Disse com o olhar fixo em mim, porém perdido. Vazio.

Nunca entendi muito bem a tristeza. Em meus longos 19 anos já passei por muitos 'problemas'. Aliás, problemas não, lições. Desde a morte de meu pai, como as dores da sexualidade, a confusão e a culpa da homossexualidade, a depressão de minha irmã, a atual depressão da minha mãe, dividas, perdas... N coisas. Estranhamente ou não, vejo-me frente a um dia ensolarado incrivelmente quente e abafado. O calor é tanto que sinto um pingo de suor descer pelo meu braço. Tiro o celular do bolso e coloco "Ray Of Light", da Madonna. A música entra pelos meus ouvidos e enche todo o corpo. Como dois corpos não ocupam o mesmo espaço e, neste caso, dois sentimentos não ocupam o mesmo corpo, Madonna empurra a tristeza e a expulsa em forma de suor ou vapor. O sol esquenta meu corpo e retrai minha pele numa sensação de incrível alegria. Tenho vontade de cantar e dançar alto, mexer com os transeuntes, fazer passos coreografados com os indivíduos do ponto de ônibus ou com o moço que está vendendo milho do outro lado da rua. Como se fosse um musical. Minha mandíbula trava num sorriso brilhante. Sempre que chego no trabalho, perguntam-me se está tudo bem. Respondo com o peito cheio que tudo está incrivelmente excelente. E antes que me perguntem qual o motivo de tanta felicidade, pergunta normal de qualquer ser humano quando vê alguém feliz, logo respondo que a minha felicidade está no dia incrivelmente ensolarado.

Reconheço que sou inexperiente, incrivelmente ingênuo e detentor de um positivismo que beira ao irritante. Existem duas regras na vida as quais deveríamos seguir. A Primeira é que nunca devemos preocupar-nos com bobagens e a segunda é que tudo é bobagem. Posso parecer bobo, mas sou incrivelmente feliz e a culpa disso não é do bom emprego, da divertida faculdade, dos lindos amigos, de um tal namorado, de uma família unida, de um corpo definido ou uma mente inteligente (Não sou convencido, oras!). A culpa é minha!

- Estou sentindo carregar um peso enorme em minhas costas. Como se fosse um carro. Todas as pessoas que eu achei que me ajudariam a carregá-lo, não estão mais aqui - Disse com o olhar fixo em mim, porém perdido. Vazio - Desculpe. Às vezes tenho medo que minha negatividade exclua sua positividade.
- Fique tranqüilo - Sorrio - Você só está tristinho. Minha mãe, irmã e meu amigo também estão super tristinhos. Juntos, ajudarei a carregar o seu carro e o deles tranqüilamente.
- Mas e o seu carro, Cláudio? Quem carrega? - Perguntou preocupado.
- Ninguém. Eu ainda não sei dirigir - Respondi animado e abracei-o.


"Felicidade é: boa saúde e má memória." (Ingrid Bergman)

3 comentários:

Unknown disse...

Às vezes eu queria esse otimismo, essa solução para afastar a tristeza. Mas sabe quando vc olha pro lado e não acha motivos? Ultimamente eu ando tão chata...

Nath disse...

Ser feliz as vezes é tão incrivelmente simples que você se sente um tolo por não ser o tempo todo. E as vezes é tão incrivelmente impossível que você acha tolo quem é.
E essa tolice é tão incrivelmente relativa que eu nem sei mais quando ser feliz é impossível e quando é simples.

Felipe Queiroz disse...

Ser feliz todo dia é igual. Também dá uma aflição.