domingo, 5 de julho de 2009

"Persona"

"Possui um semblante ingênuo e infantil, mas seus olhos... são completamente malignos" - Frase de Alma, no filme PERSONA

Persona é o nome dado as máscaras utilizadas pelos atores gregos nas peças de tragédias teatrais clássicas. Tambem pode ser, na psicologia analítica de Jung, uma função psíquica relacional voltada a um mundo externo, buscando adaptação social e elaborando-se em sua relatividade frente a personalidade do indivíduo como um todo. De qualquer forma, a Persona a que se refere o título é um filme suéco de 1966 e dirigido por Ingmar Bergman, embora o título esteja diretamente interligado em suas duas outras denominações.

O filme conta a história de Alma e Elisabet. No decorrer de uma apresentação teatral da peça Electra, Elisabet emudece e opta permanecer em silêncio radicalmente. Sua analísta oferece a casa de veraneio para que descansasse juntamente com a enfermeira Alma, a qual passa a dividir todas as suas histórias, medos e solidões. Propositalmente em preto e branco, Persona, possibilita um desligamento com a realidade.

No início do filme, Alma diz que a Arte é o desespero e o aconchego dos solitários. Ao fazer Persona, Bergman nos lembra contantemente durante o filme que aquilo não é a realidade. Minha paixão pelo cinema vem diretamente pelo desligamento com a realidade e pela ilusão de ser. Bergman, friamente, nos mostra que aquilo é uma mentira e uma ilusão, queimando a pelicula, colocando a imagem de um vietnamita pegando fogo como uma verdadeira tocha humana ou com uma criança judia no beco de Varsóvia. Não há realidade e não há como fugir por muito tempo. A persona cai.

Segundo Jung, Persona é a mascara pela qual nos apresentamos e nos relacionamos com o mundo. Ou seja, construimos uma personalidade mascarada e contrária aos seus traços gerais de caráter, a fim de se proteger, defender-se e adaptar-se ao mundo. Sozinhos, temos uma Persona que apresenta-se de modo distinto. Somos verdadeiros atores diários que, ao representar vários papéis, perdemos ou desconhecemos a nossa verdadeira Persona. A Personagem Elizabet do filme decidi viver em um mundo silencioso e recluso para encontrar sua verdadeira Persona interna. Rejeitando a própria voz, não há a possibilidade de mentir e criar novas Personas que não condizem com esta sua realidade interior. Além Disso, Jung tambem aparece no filme com a representação do conceito Sombra no plano inconsciente. A Sombra constitui-se em um material rejeitado pela Persona criada pelo indivíduo e caracteriza-se como desejos, vontades, memórias e experiências. Ou seja, é um mecanismo de defesa (Freud) que um indivíduo, ao possuir determinada tendência que não condiz com a Persona que criou para si, projeta esta tendência em outra pessoa, rejeitando-a (A qual tambem pode ser a grande causa da Homofobia. ter o sentimento dentro de si, não aceitá-lo e condenar as pessoas que decidem demostrar aquilo que a sua persona rejeita demonstrar).

No Filme, Elisabet teve um filho que não queria ter, um marido que não sabe se ama e representa papéis que não acredita serem verdadeiros. Segue um diálogo do filme interessantíssimo abaixo:
- Pensa que não entendo? O inútil sonho de ser. Não parecer, mas ser. Estar alerta em todos os momentos. A luta: o que você é com os outros e o que você realmente é. Um sentimento de vertigem e a constante fome de finalmente ser exposta. Ser vista por dentro, cortada, até mesmo eliminada. Cada tom de voz, uma mentira. Cada gesto, falso. Cada sorriso, uma careta. Cometer suicídio? Nem pensar. Você não faz coisas desse gênero. Mas pode se recusar a se mover e ficar em silêncio. Então, pelo menos, não está mentindo. Você pode se fechar, se fechar para o mundo. Então não tem que interpretar papéis, fazer caras, gestos falsos… Acreditaria que sim, mas a realidade é diabólica (…).

Persona é o meu Bergman preferido junto com "O Silêncio" e o principal responsável por colocar o diretor como meu grande ídolo, junto com Kubrick e Chaplin.

As crises existenciais de Bergman fizeram-me refletir. Há duas semanas atrás relembrei a história de Alice no País das maravilhas. No meio da história, Alice encontra-se com três rapazes que estão em um chá comemorando uma Festa de Desaniversário. Confusa, Alice pergunta qual a utilidade daquela festa. Um dos rapazes prontamente responde que, comemoramos o nosso aniversário uma vez por ano e os outros 364 dias devemos comemorar o desaniversário. AChei incrivel esta concepção sobre a vida de comemorar todos os dias, sem motivo aparente. Resolvi utilizá-la em meu dia-a-dia e aconteceu algo que nunca havia acontecido...
Como já postei, Nietzshe defende a Lei do Eterno Retorno, a qual precisamos arriscar sem medo de errar. Se necessário, errar várias vezes, pois esta e a intenção da vida e nos desvia de um ciclo de mesmíces.
No sábado a tarde, sozinho em casa, converso com um colega de muito tempo que conhecia apenas virtualmente. Em questão de poucas horas, decidimos nos encontrar para almoçar .Ótima e contínua conversa, possibilitou que eu entrasse no carro dele - Acreditem, é uma imensa evolução para mim, já que acredito que todas as pessoas são assassinos em potencial que poderão me matar dolorosamente - e fomos para a casa dae sua mãe. Não sei se o que mais me impressionou foi a estante com livros excelentes (Inclusive, meu adorado Orwell com '1984' e 'Revolução dos Bichos'), a enorme coleção de CD's ou a discussão de política e filmes antigos com direito a citações de Veríssimo enquanto estavamos nús na cama. Aliás, sei exatamente o que mais me impressionou: A adorável compreensão. De qualquer forma, mesmo com 19 anos continuo tendo visões e comportamentos um tanto quanto infantis em questão de relacionamentos e, como disse meu amigo Felipe, ainda não tenho noção do poder de sensualidade que eu e meu corpo podemos ter (sick!). Dei risada do que ele falou e vocês rirão de mim agora, mas o fato de ter entrado no carro de um adorável compreensívo homem com cara de adolescente, foi um grande passo. Minhas dúvidas me fazem perder, frequentemente, o que eu poderia ganhar com o medo que eu tinha de arriscar. E, desculpe-me Einstein, mas discordo quando disseste que o Homem que não arrisca acertar, está isento de erros. O Fato de não arriscar já é um erro.

Mesmo assim, Eu e minha Persona [!] continuaremos por não entrar mais em carros alheios...

Ao menino ao qual eu descupava-me constantemente

Por Cláudio_DeLarge

3 comentários:

Claudia disse...

Vc sempre quis fazer um cinepipokai em sua casa com estes tiposs de filmes neh chuuchuuuuu? eu axo que nem o entenderia mas ainda bem q eu tenho vc para eplicaaaar, kapoakopakapoka amo vc!

Lu_ disse...

Amore, faz meu trabalho de psicologia? kkkkkkk Vc escreve mto bem. Amo vc!

Yuri disse...

Concordo com o felipeeee. vc ehlindo e gostoso e deverai para de se sentir feio..... lindo!