domingo, 7 de junho de 2009

"Em Nome de Deus II" - O Preço de Ser Diferente

"Quem resolve seguir o modelo, se ilude bloqueando a expressão da sua alma, criando insegurança, doença, desilusão e sofrimento. Servos do mundo, sofrem o mundo." - Luiz Gaspareto

Quando a Sociedade estabeleceu um modelo de normalidade, criou-se uma guerra antropológica com a própria natureza humana. Infelizmente, a criação de religiões baseadas em livros que cultuam um Deus que é mais temido do que amado, criou indivíduos que não conseguem ser bons por si próprio. Um Deus onipresente, onipotente e inquestionável foi um personagem criado com fins políticos, para manipular uma população temerosa à um inferno que, sem enxergar, já o vivem, julgar o próximo a fim de sentir-se melhor pelos pecados que cometem ao seu "Deus que me perdoe" e a ter uma mente condicionada a não questionar nunca. Tanto na religião como, consequentemente, na política de seu país.
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Resolvi fazer uma pesquisa de religiões e sua visão sobre a homossexualidade. Hoje colocarei as visões à favor/indiferentes a questão da sexualidade humana. O Budismo e o Kardecismo.
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O BUDISMO E A HOMOSSEXUALIDADE
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O Budismo foi trazido pelos imigrantes japoneses em 1908 e divide-se em duas principais correntes, a Hinayana e Mahayana, que ainda ramificam-se em mais 80 mil escolas ou seitas. A diferença entre as duas correntes é que a primeira possui inúmeros mandamentos e é complexa, sendo praticada apenas pelos monges e, as pessoas, seguidoras deles. Já a segunda é mais simples e adequada para as pessoas em geral.
O livro utilizado é o ‘Kangyur’, ou Cânone Budista, que reúne as palavras proferidas pelo Buda. Além disso, no Budismo não há quem 'adorar' ou louvar. Como ele não reconhece a existência do 'eu', acaba-se por existir apenas um enorme sentimento de gratidão ao 'mestre'. O mestre é aquele que nos mostra a essência da mente, e nos interligamos a ele via mente e corpo. O corpo seria formado por quatro elementos, a água, o ar, o fogo, a terra e kuu (elemento essencial que dá vida à união dos demais elementos).
O Interessante é que não existe 'Pecado' no Budismo, mas sim Padrões carmicos. Se agirmos de uma forma que traz como conseqüência o mal para os outros, isto cria padrões cármicos negativos. Se nós agirmos de uma forma altruísta e benéfica, isto cria padrões cármicos positivos.
SEXUALIDADE
No budismo, os indivíduos adquirem a sabedoria para administrar essas questões da vida, não havendo, portanto necessidade de criar regras de comportamento.
Quanto a homossexualidade, prega-se a plena igualdade entre as pessoas. Em uma relação entre pessoas do mesmo sexo, deve haver o cultivo de generosidade, disciplina moral, paciência, perseverança, concentração meditativa, sabedoria e manutenção de uma visão pura, obtendo uma relação benéfica para o desenvolvimento da mente. Pedem apenas a prevenção da aversão ao sexo oposto, porque dificultaria a obtenção de um corpo humano durante o ‘bardo’ (estado intermediário entre esta vida e a próxima). E a família deve enxergar o individuo homossexual com amor, compaixão, alegrando-se com as virtudes dele e mantendo uma postura de equanimidade entre ‘eu’ e ‘outro’.
A paz inicia-se com a reforma interior de cada pessoa com base na filosofia humanística , seguindo o caminho para dissolver os venenos mentais, que são a ignorância, apego, aversão, orgulho, inveja e ciúmes.
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O KARDECISMO E A HOMOSSEXUALIDADE
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O kardecismo nasceu na França no século XIX, e foi criada por Hippolyte Leon Denizard Rivail mais conhecido como Allan Kardec. Segundo o IBGE, é o terceiro maior grupo religioso e é a religião de maior renda e escolaridade.
O espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal e surgiu em um conceito tríplice entre religião, ciência e filosofia que busca estudar as verdades universais.
Defendem que o espirito tende a evoluir constantemento, e utiliza de aprendizados no decorrer de suas encarnações. Utiliza dos "Evangelhos Segundo o Espiritismo" para o estudo.
SEXUALIDADE
Não há opinião explicita acerca da homossexualidade. Os espíritos Emmanuel, Joanna de Angelis e André Luiz, dentre outros, abordam o tema com cautela, informando a importância de não se ter a atitude preconceituosa e discriminatória. Além disso, informam-nos que a homossexualidade é um momento de provação para o espírito e que ela decorre de atitudes em outras existências
O espírito não tem sexo, apenas possuem um aparelho sexual em sua organização física. Porém, ele pode carregar uma grande influência de determinado sexo em vidas passadas, o que o faz sentir-se atraído pelo mesmo sexo nessa vida, sendo um apego muito forte a própria sexualidade em vidas passadas. Este espírito acaba por escolher reencarnar em corpo masculino ou feminino, a fim de progredir em tudo, como no sexo, ou na posição social, lhes proporciona provações e deveres especiais e, com isso, ensejo de ganharem experiência.
O importante é estar de acordo com a lei divina é procurar fazer aos outros todo o bem que gostaríamos que fizessem a nós. Isso pode ser alcançado mediante comportamentos que não são promíscuos nem desrespeitosos para com os sentimentos dos parceiros. No livro "Vida e Sexo" psicografado por Chico Xavier, nos informa que, quase sempre, os que chegam no além-túmulo sexualmente desequilibrados, depois de longas perturbações, poderão reencarnar em condição homossexual, amargando pesadas provações. Portanto, Emmanuel informa que o homossexual deve resistir a esses apelos instintivos promiscuos em prol do seu aperfeiçoamento moral. Porém, isso não quer dizer que todo homossexual cometeu abusos em vidas passadas.
Recomenda-nos que permaneçamos no amor de Jesus, sem nos aventurarmos a discriminar ou denegrir o próximo. Permitir a liberdade plena é o fundamento maior do amor cristão, haurido da Doutrina Espírita.

Para entender melhor, uma dica de livro é "O Preço de Ser Diferente", de Monica de Castro e ditado por Leonel.

Independente de sua religião, o importante é saber respeitar as diferenças, amar ao próximo e aprender a sem bom por si só, importando-se com o crescimento moral próprio.

"Os escravos do preconceito estão se candidatando no futuro a experimentar as mesmas experiências que criticaram, a fim de aprender a conviver com as diferenças. Afinal, FRATERNIDADE é o resultado da capacidade de apreciar as diferenças." - Luiz Gasparetto.

Por Cláudio_DeLarge

6 comentários:

Cells =]] disse...

Olá!!
Mto bacana sua iniciativa de pesquisar!! Acho q a melhor maneira de quebrar os conceitos (tantos os pré, quanto argumentar com os já bem formados) é a informação..
No fundo não acho q a sociedade seja totalmente culpada por tanto preconceito!! Acredito sim q as informações q as pessoas comuns recebem são distorcidas!! Seriados, filmes, internet e os jornais mostram a comunidade gay como um nicho um tanto “selvagem” (para não dizer outra coisa). E as pessoas q não entram em contato os homossexuais “sérios” acreditam naquilo como a verdade! Que fique claro q não estou dizendo q não exista o tal nicho selvagem (todos sabemos q ele existe, e q é cada vez maior!), ou q as pessoas “normais” (definição de normalidade da sociedade) são tão inocentes ou mesmo q não existe “imprensa” comprometida!! [medo de receber ataques por todos os lados.. rsrsrsrs]
Depois de ler seu post fui procurar saber um pouco mais sobre a visão dessas duas religiões!!
O Budismo é a filosofia da vida humana, e por isso prega o bem estar interno e nas relações interpessoais. É interessante q de acordo com essa filosofia não só temos o respeito da igualdade, como recebemos um apoio quando é gerado o tal do “conflito interno” (acho q todos nós, homossexuais ou não, passamos)! E qdo vemos o homossexualismo como sofrimento, o Budismo encara como qualquer outro desafio a ser enfrentado.. Um princípio q achei bem legal, e q não se aplica apenas nesse caso, foi o “Itai doshin” (a melhor tradução q encontrei foi “many in body, one in mind”), q prega a igualdade entre as pessoas.. E acho q deve ser assim mesmo.. não somos vítimas por sermos homossexuais! Assim como não queremos tratamento diferenciado!! Respeito apenas basta...
Qto ao kadercismo não me arrisco mto! Apesar de achar interessante a doutrina espírita, não a compreendo muito bem ainda.. e acho q ninguém melhor q vc mesmo pra me explicar um dia =PP [aliás, algum dia queria conversar ctg sobre isso mesmo.... mas depois te explico! rsrsrsrs]
Ah carinha.. depois queria te propor algo..[ Oo ] Se não nos esbarrarmos na net por esses dias eu te escrevo por email..
Gde bjo,
Cells =]]

Anônimo disse...

É... Em uma época que recebi provas de que existe algo além do que podemos enxergar e tocar, fui atrás do Espiritismo e me decepcionei com suas pernas muito presas no Catolicismo.

Já o Budismo tem idéias bem interessantes, pouco preconceituosas e culposas, afinal, budismo nasceu sem ser uma religão.
O Buda não falava em nenhum Deus.

O catolicismo prefiro não comentar, rs. Mas é a religião baseada essencialmente na culpa. E isso, para mim, é totalmente abominável.

Leia também sobre Umbanda, se não me engano eles não julgam a homossexualidade.

E como dizia a pianista/cantora/compositora/genial Nina Simone: Quando eu quero falar com Deus, entro em qualquer casa de qualquer religião, não preciso de um dogma para falar com Ele.

Parabéns pelo texto, está ótimo!

Beijos,

Rafa.

Anônimo disse...

Continuando...

Eu até entro em igreja católica quando quero, porque não me interesso a doutrina.

Quando postei li o comentário anterior ao meu e vi algo que me deixa muito preocupado. Nós gays não podemos falar para a sociedade que ela enxerga o lado "sujo" da homossexualidade e esquece dos gays "sérios".
Quem pode se julgar como sério?
Existem heteros promíscuos também.
A questão não é o comportamento de um ou outro, e sim a sexualidade de cada um, que deve ser aceita.
Sexualidade que não faz mal para o parceiro deve ser aceita!
Se um cara trepa com todo mundo mas respeita os parceiros, tudo bem.
E vejo muitos caras "sérios" que nem ao menos se preocupam com o prazer do namorado "sério".
Será que isso é uma sexualidade bem vivida?
Eu não gosto dessa bandeira dos "gays sérios" querendo dizer para a sociadade que eles não fazem parte da "homossexualidade suja".
Isso também é preconceito.

Enfim... é isso ae.

Rafa.

Anônimo disse...

Continuando 2.. rs

Cláudio, apesar de eu não simpatizar muito com o Esperitismo, porém, simpatizo muito com os espírita, não sou contra sua religião.

Aliás, não sou contra nenhuma religião!

Sou contra o que fazem com algumas delas, e não precisamos ir ao Oriente Médio para ver isso, a Igreja Universal enriquece de uma forma desonesta e totalmente desumana.

Rafa.

Cella disse...

Talvez tenha me expressado mal qdo coloquei "sério" no meu comentário.. as aspas foram empregadas para não colocar juízo em uma palavra q normalmente denota isso... quis apenas dizer q existem pessoas mais "comprometidas" (empregando as aspas novamente!) q outras! Assim como toda regra tem sua exceção, todo conceito está sujeito a ser errôneo dependendo de quem lê... ninguêm pode julgar algo como certo ou errado! Uma pessoa pode achar certo transar com todo mundo, assim como muita gente acha errado (ou estamos pensando q as pessoas q transam com todos q vêem pela frente fazem isso achando q estão erradas?! eu não acredito nisso... OU temos mtas pessoas com transtorno compulsivo ou algo q o valha).. E o mesmo vale para um cara “sério” q não se preocupa com o prazer do namorado “sério”, isso se chama diversidade.. e é a opção do casal.. q mal tem se eles vivem bem assim... Cada um faz o q bem entende, e o q lhe proporciona bem estar!
Rafa, eu pelo menos não quis levantar nenhuma bandeira contra a “homossexualidade suja”.. não disse q sou “sério”.. e nem ao menos disse q uma coisa é certa e a outra não... não sei onde vc leu isso em meu comentário.. apenas disse q a sociedade tem acesso em diferente proporções a cada uma das versões e isso contribui em parte para o q vivemos hj em dia!
Ceh

Cells =]] disse...

Cella foi otimo!! Cells*