domingo, 4 de abril de 2010

E se... Paulo Fernando da Silva

"A razão pode responder perguntas, mas a imaginação tem que perguntá-las."[Ralph Gerard]

Acima está a frase de chamada do seu BLOG.
Agora encontro-me a escrever este texto,
No escuro do meu quarto e ao som de Enya.
Na mesa do computador encontram-se três copos com Coca-Cola pela metade.
Estou tão distraido pensando em você.
Repito as coisas, não consigo pensar em outra coisa.
Não consigo não me sentir culpado.

Há meses atrás você começou a conversar comigo.
Identificou-se e até criou um BLOG por ter gostado do meu.
Nunca que eu imaginaria que não passaríamos do virtual.
Ah, eu era fascinado por você e não sabia.

Fe, 17 anos e seus amores rápidos.
Apaixonava-se intensamente em dias.
Seu cigarro, suas baladas, seu rosto quadrado.
Enquanto eu escrevo, consigo te sentir. Estranho.
Como eu queria te sentir. Como eu queria te pedir desculpas.

Por quantas vezes você me chamou para sair e não dava certo.
Eu não conseguia falar com você. Eu não tinha tempo.
Eu estava cansado. Eu estava deixando tudo passar.
Eu deixei você. Isso que eu sinto. Eu sou um culpado. Eu penalizo-me.

Hoje eu chorei como não lembrava chorar.
Os olhos arderem, o nariz entupir e a garganta doer.
Tremi, senti frio, senti calor, tremi. Doeu tanto.
Você me ligou e, por algum motivo, não retornei a ligação.

Se você decidiu morrer por não ter apoio da familia.
Se você decidiu morrer por não ter apoio dos amigos.
Se você decidiu morrer por não suportar a discriminação do mundo, de Deus.
Me perdoa? Eu poderia ter ajudado. Eu queria ter ajudado.
Você acredita que estou apaixonado por você?
Não sexualmente, mas por sua pessoa. Por sua dor.
De que adianta agora?

Sei que você decidiu morrer por querer viver. Muito.
Mais que a mim. Mais que a qualquer pessoa.
Isso, estranhamente, motiva-me.
Eu dedico a minha vida à você.
Eu viverei ao máximo. Eu PRECISO viver ao máximo.
Por mim, por você. Me perdoa?

Não sei o que acontece depois da morte.
Mas, como é de praxe, emano-lhe muita luz.
Com toda a minha força. À minha força.
Eu preciso acreditar em vida após a morte.
Por que eu PRECISO te ver outra vez.
Para dar um abraço que nunca dei.
Para te pedir desculpas.

Ao incrível menino que nunca entendeu a si mesmo...



5 comentários:

Unknown disse...

Esse texto me fez... ;( Não sei explicar.

Tácio Oliveira disse...

Meu sentimento e o meu carinho!

Tácio

Natália disse...

Depois que você me ligou, fiquei pensando muito nisso. Que o suicídio pode ser interpretado dessa forma, de um querer viver mais intenso que de todos os outros, talvez por isso eu o entenda. Ele queria viver, queria viver tanto que não conseguiu entender a rejeição, não conseguiu suportar essa sobrevida cotidiana. Por querer viver demais e por ser impedido, não suportou. E nem você, nem ninguém tem culpa disso. Ele foi intenso. É justamente isso que me fez compreender o fim.

Thiago disse...

ótimo conteúdo = ]

Anônimo disse...

É PRECISO AMAR AS PESSOAS COMO SE NÃO HOUVESSE AMANHÃ. RENATO RUSSO.
Parabens pelo seu blog, to virando seu fã.
Tony.