segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Darkroom - Dançando no Escuro

"Todas as cores concordam no escuro" - Francis Bacon

"Era a segunda vez que eu ia para aquela balada. A música alta, o calor, a lotação e o contínuo 'Tuntz-tuntz' deixavam-me tonto. Quando algum cara interessante olhava-me, um pequeno impulso nascia para que eu fosse dançar junto a ele, mas o medo de perder-me dos meus amigos era maior.
- Quer ir conhecer o Darkroom? - perguntou meu amigo gritando em meus ouvidos.
- O que é exatamente? - Tive de repetir duas vezes para que ele me entendesse.
- É um quarto escuro onde as pessoas fazem sexo.
- E você quer fazer sexo comigo lá? Somo amigos, A. - Respondi assustado
- Não bicha burra. Conhecemos a pessoa lá. É tudo escuro e você faz o que quiser com quem quiser lá. Só que não vê ninguem.
- Eu não quero fazer sexo com quem não conheço. Ainda mais sem ver nada.
- Vamos ficar só um pouquinho para você conhecer, saímos logo que você quiser e eu juro não soltar sua mão. - Responde o meu amigo meio alcoolizado. Eu também estava, já estava na terceira caipirinha.
Concordei e ele me puxou pelo braço. O que haveria de mais lá? Só algumas pessoas fazendo sexo. Ia até ser divertido, engraçado e eu não haveria de me preocupar, já que, como o A. disse, só participava quem quisesse.
O ambiente estava totalmente escuro, apenas com baixas luzes de celulares. E Lotado. O suor escorria pela minha testa e peitoral, estava muito calor. Passado alguns segundos, comecei a sentir várias mãos a alisarem-me. O meu peitoral saliente e barriga definida suados e sem camiseta atraiam três ou quatro mãos. Dois braços de pessoas diferentes me entrelaçavam. Para meu alivio, era só retirar cada mão e braço de meu corpo com minhas próprias mãos que desvencilhavam-se. Os participantes entendiam o recado.
Ao olhar para frente, meu amigo A. estava beijando um homem na parede. Não consegui visualizar seu rosto, mas percebi que masturbava-se enquanto, com a outra mão, massageava a bunda de meu amigo. Sua mão desvencilhou-se de mim e o homem prensou-o contra a parede. Entrei em desespero. A luz que indicava a saída estava distante e a lotação dificultava minha locomoção. As mãos começaram a alisar-me novamente e a bebida combinada com o medo deixaram-me imóvel. Uma vontade de chorar cresceu e uma pontada forte na garganta logo foi esquecida ao sentir uma mão massagear meu pau. Ao abrir os olhos, a meia luz de algum celular próxima facilitava a visualização de um menino da minha altura, cabeça raspada e uma barriga incrivelmente definida. Sua boca veio em minha direção e sua lingua exploru minha boca por um milésimo de segundo. Um enjôo subiu pela minha garganta, e afastei-me dele tentando disfarçar uma crise de tosse devido ao enjôo. As tosses doiam o baço. Tosses de um vômito que não vinha. O menino pegou-me pelos cabelos e fez com que eu ajoelha-se. Estava tonto, enjoado, com o raciocínio lento devido a bebida. Com a visão acostumada e focos de luz de celulares presentes, conseguia ver sexo anal envolto de homens masturbando-se, ao lado de movimentos violentos de cabeças produzindo sexo oral. Cheiro forte de sexo.
Desabotoando a calça, consegui ver nitidamente seu obliquo definido terminando em inúmeros pelos pubianos. Um crise de tosse veio com uma violencia que não pude disfarçar. Minha boca encheu-se de água e cuspi esperando o vômito. Levantei e empurrei o menino, agora sem calças e com o pau na mão aguardando. Andei empurrando corpos que quase não moviam-se de tão lotado. Uma eternidade até chegar a luz. Já no banheiro, lavei o rosto. Ao me olhar no espelho, meus olhos estavam vermelhos e meus cabelos despenteados. Um box liberou-se e tranquei-me nele. Finalmente o vômito veio. Eu estava leve, seguro e completamente sujo."

O Darkroom é um quarto com pouca ou nenhuma iluminação, existentes em boates ou saunas.
Sua finalidade é exclusivamente erótica e sexual onde, devido a pouca iluminação, faz com que os anônimos reduzam suas inibições. Os darkroom's, começaram a aparecer a partir da década de 70 em várias boates gays nos Estados Unidos, mas a sua 'idéia' é muito antiga, presente em inúmeros recintos e festas na antiguidade grega, junto com os bacanais e salas de Banho. Até mesmo Alvares de Azevedo em seu livro "Noites na Taverna" escreve sobre as tavernas, típicos darkroon's onde o protagonista faz sexo com uma mulher e, posteriormente, descobre que esta mulher era a sua própria irmã.

O causo acima ocorreu há mais de um ano e, mesmo pelo contexto, não é necessariamente uma crítica negativa aos DarkRoom's. Todos levamos, internamente, várias necessidade e desejos que, muitas vezes, causam medos em nós próprios. Fetishes, vontades sexuais, ver-se livres de julgamentos, padrões estéticos, sexo fácil, avaliação de desempenho sexual tem uma solução: O sexo no escuro. Os olhos não vêem os dedos que apontam. O único problema é a falta de preservação nestes quartos escuros. Existes AIDS e tambem existem os aidéticos diagnosticados como "Perversos", os quais sentem prazer ao infectar e destruir o outro. É o 'não ser julgado' e a facilidade do aidético conseguir sexo bareback. Sua solução é o escuro. O escritor Marquês de Sade ("Filosofia na Alcova" e "120 em Sodoma"), afirma que a realização do desejo é a maior finalidade humana, chegando ao seu ápice por meio do aniquilamento do outro, lenvando às ultimas consequências.

Não sou contra o ambiente em questão, cada um faz do corpo o que achar melhor e a satisfaçao sexual difere-se de pessoa a pessoa. Eu não sou adepto, tenho pavor de aglomerados de desconhecidos, doenças e escuro. Sexo é a coisa mais fácil de se conseguir e, sem querer ser convencido, poderia transar com um por dia com variadas caracteristicas, ou seja, o escuro não me convém. Não que os adeptos o façam por isso. Há N Motivos. Alguns de meus amigos, muito bonitos, freqüentam bastante inclusive. No sábado fui a uma balada e fiquei esperando três amigos meus no corredor de entrada. O engraçado é que, enquanto eu esperava, meu ex-namorado encontrou-me e conversamos um pouco. Um amigo dele puxou-o para dentro do dark para 'caçarem'. Senti uma sensação bem estranha, mas que divirtam-se. E qual é o problema? Segundo Arnaldo Jabor, a não caretice dos Gays que incomoda. A não hipocrisia e a vontade de fazer o que querem, como querem. É um cú, é meu. E não venha me dizer que o cu não foi feito para ser dado. A boca também 'não foi feita' para chupar e nem por isso os heteros boçais não praticam o sexo oral.

De qualquer forma, ainda prefiro um sexo na cama, com música (Violenta ou não, hehe!) , com conhecidos e, de preferência, com as luzes acesas.

Arnaldo Jabor - 26/10/2009


Por Cláudio_DeLarge

5 comentários:

L. Fernando disse...

Hahah, eu ia te recomendar esse vídeo quando vi, acredita. rs

Não tenho coragem de entrar num dark room. Não consigo me imaginar fazendo sexo e sair como nada tivesse acontecido (é fácil, eu sei, mas vai contra meus princípios). Ou isso é démodé, ou eu que sou.

Felipe Queiroz disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Felipe Queiroz disse...

Nunca me senti tão atraído pela luz.

Rodrigo Rocha Fortaleza disse...

Com o passar do tempo vejo que a balada é uma rotina de pessoas comumente tristes. Elas precisam se divertir em um mundo parelelo onde sua realidade desapareça.
O Darkroom foi um incremento para essas pessoas. Um mundo onde ninguém é de ninguém, não se vê, não se fala, não se ouve. Apenas existe o sexo de forma deficiente e sem expressão.
Orgasmo é bom, portanto não julgo os frequentadores de Darkroom. Hoje vejo que quanto mais você se entrega ao "mundo paralelo". Maior será o seu vazio ao se deparar com a realidade...

Amei o post.

Beijos!

Natália disse...

Eu vi esse comentário do Jabor na tv, ele fala coisas com sentido as vezes. hauhhauhah

Nossa, e eu achando que darkroom dos meus rolês eram pervertidos...