terça-feira, 20 de outubro de 2009

O Amor Que Mais Dura, É O Amor Não Correspondido

O Autor do Blog adverte: Este Texto é apena um Desabafo

Eu chorei assistindo uma filme romântico. Sim, eu chorei vendo um filme bobinho romântico.
Confesso que choro em alguns dramas, mas não em filmes românticos. Isso por que eu sou - ou era - completamente racional em questões amorosas, daquele tipo de pessoa que não entra de cabeça em um relacionamento por ter medo de sofrer. O problema não foi ter chorado no final de um filme romântico bobo. O problema foi ter chorado durante o filme e exclamando várias vezes "Onh, que lindo!", projetando-me na protagonista em todos os momentos. Chorei pelo sofrimento dela e pela incrível atenção que recebia. Chorei pelas flores que ela ganhou, pela música tocada em violino que ela cantou e, principalmente - a hora que mais chorei - pelo beijo sincero e visivelmente apaixonado que ela recebeu sob a chuva. Chorei e me senti um bobo, mas não por ter chorado pelo amor, mas por, muitas vezes, ter deixado de amar por medo de chorar.

Vendo este filme, confesso que odeio o amor. Ele é extremamente complexo de ser entendido. Quando não é correspondido, dói e machuca. O dia demora para passar, as palavras fogem ao escrever um SMS, o assunto evapora no MSN, o desespero aflora a cada minuto demorado nas respostas do receptor e as músicas MPB's ganham um sentido incrível. Dói.
A vontade de abraçar os amigos cresce. Dói. Podem milhares de outras pessoas flertarem com você, mas não interessa. Você acha-se feio, desinteressante, incapaz. Dói.

Pense comigo: As maiores obras cinematográficas românticas
são aquelas onde os dois não ficam juntos. ... E O Vento Levou o amor que Scalett O'Hara e Rett Buttler, o Titanic afundou o amor de Jack e Rose, a Cidade dos Anjos levaram o de Seth e Megg Rice, e Holly e Gerry finalizaramo relacionamento com um PS: Eu Te amo. Posso citar milhares, como Brokeback Mountain, Doce Novembro, Antes Que o Dia Termine, Ghost - Do Outro Lado da Vida, Cidade dos Sonhos, entre outros. A Literatura consegue ser mais cruel. A quantidade de suicídios, homicídios, acidentes e doenças é incrível. Clássicos como Madame Bovary, O Morro dos Ventos Uivantes, Amor de Perdição Lucíola, Desejo e Reparação, Razão e Sensibilidade, Dama das Camélias, Hamlet, Otelo, Tristão Isolda e, o maior romance de todos o tempos, Romeu e Julieta.

No amor, virei um impaciente, lúdico e sonhador. E, como bom ser
humano, preciso responsabilizar alguem pela minha desgraça. A eleita é a (vadia) da Audrey Hepburn. Ela tem uma beleza simples, é linda, sempre conquista o galã e vive feliz para sempre. Ou, até o fim do filme, já que o amor é algo como morrer cedo como um herói ou viver o bastante para tornar-se um vilão.

Peço, por favor, que não culpem-me por ser tão lúdico. Dói e chega até ser mórbido. Roçar os pés sob as cobertas, assistir um filme antigo com Bis e Coca-Cola, ganhar uma aliança em forma de apito (Né, Bia?), andar de mãos dadas sorrindo de orelha a orelha e beijar sob a chuva - o tão sonhado beijo sob a chuva. Peço também desculpas pelo tema manjado e o desabafo. Abaixo, segue o único texto que escrevi por estar apaixonado, a meses atrás. O 'Muso' foi o mesmo que proporcionou-me o tão sonhado beijo na chuva. Talvez fosse uma paixão incoerente, mas qual não é? Enquanto isso, continuo a reviver mentalmente o meu beijo na chuva.

"Amor, Entre Outros Desastres"
Amar-lhe-ia.
Amar como verbo transitivo é aquele que não tem sentido completo sozinho. Demorei a perceber isso. Amar, não é intransitivo e não é individual. Mesmo que os verbos intransitivos não precisem de complemento, ao mesmo tempo não se movimentam, não transitam e sua oração é curta.
Este tempo é o futuro do pretérito. Foi escolhido por relacionar-se a irrealidade, hipótese e incerteza. Minha razão desistiu de amar, então você é meu passado, mesmo meu coração visualizando-lhe em meu futuro. O futuro do meu passado. O Futuro do pretérito.
Por ultimo, digo-lhe isso em mesóclise. Esta colocação só pode ser utilizada em verbos no futuro. Futuro do presente ou apenas do meu passado. Verbo no infinitivo, do infinito e que nunca termina. Na mesóclise temos o pronome obliquo átono “lhe” que representa a terceira pessoa. “Ele”, que está entre nós. Um terceiro travesseiro. Um terceiro “amar”. O único obstáculo do meu “Amarei”.
Esperar-lhe-ei. Até lá, serei apenas mais um verbo intransitivo.

Por Cláudio_DeLarge

6 comentários:

Cesinha disse...

kra, a quantidade de caras q estão querendo te dar isso eh enorme. Vc tah assim por que quer.
E eu sou um dele... opakaopkaopaka!

z2

Ítalo Seal disse...

aaahhhh, o amor... que, para Platão, era capaz de purificar o ser humano, permitindo que ele se liberta-se da realidade ilusório e contempla-se o mundo das essências, é o mesmo que fazia Camões chorar e sofrer os paradoxos desse sentimento, é o mesmo que causava em Gregório de Matos sua angústia, é o mesmo que fazia Bocage exergar a natureza de maneira simples e contemplativa, e é esse mesmo sentimento que causava o desejo de morte em Álvares de Azevedo.
Um mesmmo sentimento e tantas visões diferentes, tantos paradoxos, sofrimentos, angústias e incertezas...O medo de amar e não ser correspondido, o medo de não conseguir amar...Mas o pior dos medos é o de não se entregar, não se dar a chance de tentar porque teme sofrer depois...
Qual o problema de chorar ou sofrer por um sentimento tão nobre?
O sofrimento é o sinal de que, alguma vez em sua vida, você se permitiu fazer-se feliz e causar esse mesmo sentimento a outrem. E isso é melhor do que viver no "futuro do pretérito", na mesóclise do que não aconteceu, melhor que viver no "amar-lhe-ia se conseguisse"...Não espere o amor, procure-o, um dia, quem sabe, possa viver a plenitude de senti-lo alguma vez...

Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
ou seta de cravos que propagam o fogo:
amo-te como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.

Amo-te como a planta que não floriu e tem
dentro de si, escondida, a luz das flores,
e, graças ao teu amor, vive obscuro em meu corpo
o denso aroma que subiu da terra.

Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde,
amo-te directamente sem problemas nem orgulho:
amo-te assim porque não sei amar de outra maneira,

a não ser deste modo em que nem eu sou nem tu és,
tão perto que a tua mão no meu peito é minha,
tão perto que os teus olhos se fecham com meu sono.

Natália disse...

Amor, incrivelmente complexo pra mim.

Felipe Queiroz disse...

"Você acha-se feio, desinteressante, incapaz. Dói."
Cláudio

Amor, incrivelmente inalcançável; mas não desisto: vivê-lo assim, platonicamente, me faz ter força.

L. Fernando disse...

Na época que eu fazia SENAI, era muito frequente eu ver as (poucas) meninas emprestarem umas para as outras o filme Um Amor Pra Recordar. E falavam que era lindo, e romântico e bla bla bla, mas falavam tanto que eu comprei pra assistir. E chorei horrores!

Sobre o amor... melhor não colocá-lo em questão, rs!

Rodrigo Rocha Fortaleza disse...

O amor é isso que você já sabe, ele é unilateral, vem de você e faz bem aos outros. Felizes os que são correspondidos. Inspirados os que tem a esperança de um dia o serem.
Por isso, te digo que não vale a pena se poupar de amar. Amar se poupar, não é amor próprio, como muitos dizem. Isso é uma forma de depressão, de resistir a vida, aos encatos que ela proporciona.
Mais uma vez confesso que seu texto me encantou, escrever é uma arte, e você a faz muito bem!

Grande beijo!