segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Closer - Perto Demais

- "Se não era amor, era da mesma família. Pois sobrou o que sobra dos corações abandonados. A carência. A saudade. A mágoa. Um quase desespero, uma espécie de avião em queda que a gente sabe que vai se estabilizar, só não se sabe se vai ser antes ou depois de se chocar contra o solo." - Martha Medeiros

O dia estava incrivelmente ensolarado e eu estava com a pele ótima, óculos escuros, fone no ouvido ao som de Yelle e com minha camiseta verde preferida, a qual salientava o meu peitoral. Havia combinado encontrar-me com meu amigo Alex às 15h no metrô Barra Funda e, como sempre, eu estava atrasado.

Fiquei surpreso com o convite do marido de um amigo meu que faria uma surpresa levando antigos amigos, como eu e o Alex, ao namorado. A minha surpresa não era pelo enorme carinho que o marido demonstrava e o interesse de agradar o namorado e fazê-lo feliz. Fiquei surpreso, pois só tinha visto o namorado duas vezes em toda a minha vida e não conversava, nem sequer virtualmente, com ele há mais de um ano e meio. O Alex também ficou surpreso, pois eles também não se conversavam a cerca de seis meses. De qualquer forma, resolvemos ir.

As 15h15 estava um Audi C3 vermelho parado na estação. O marido nos convida para entrar. Eu, no banco da frente, percebi como ele era muito mais bonito e simpático do que nas fotos. Era baixinho, tinha um braço forte e definido, um enorme peitoral e um trapézio de quem faz academia todos os dias. Suas pernas eram fortes e definidas e tinha um sorriso enorme e sincero. O que mais chamava a atenção eram os olhos. Os olhos de um verde incrivelmente claro. A grande quantidade de cílios formava uma moldura negra que destacava ainda mais os olhos verdes vivo. Dizia ininterruptamente o quanto estava feliz de nos levar lá e fazer uma surpresa ao namorado. O namorado estava triste, pois não conseguira passar em certos exames para uma viagem ao exterior, estava sem emprego e engordava cada vez mais. Mostrava-se incrivelmente atencioso e preocupado com o namorado. Um casal apaixonado e fofo, que morava junto a mais de um ano.

Ao chegar, percebemos a cara de surpresa do namorado ao nos ver. Cumprimentamo-lo ainda sem jeito, pois não o víamos há muito tempo. Eu não fazia idéia de como agir, mas logo nos soltamos. O marido foi fazer um churrasco e o namorado pães de queijo e um bolo floresta negra. Na varanda e com cervejas na mão, o marido comentava o quanto se sentia sozinho freqüentemente, já que o namorado ficava em casa o dia inteiro assistindo TV, não tinha interesse em ir para a piscina do condomínio, andar de bicicleta, ir viajar ou sair de balada. Às vezes eu perdia o fio da conversa olhando para enorme piscina no condomínio lá embaixo. Uma vontade louca de mergulhar me invadiu. O sol estava tão forte que andaria de bicicleta até pegar uma insolação. Comentei o que eu estava sentindo e o marido ficou encantado. Logo nos tornamos amigos e mais ficamos próximos.

Dois amigos do marido chegaram e mais latinhas de cerveja eram abertas. O marido já estava na quarta e abraçava toda hora o Alex e me oferecia Smirnoff. Pedindo para que eu escolhesse um DVD, mostrou-me sua enorme coleção. Visualizei o show da Sarah Brightman. Meus olhos brilharam e dei um enorme sorriso. Ele mostrou-se incrivelmente empolgado com a minha recepção à cantora que ele mais amava. Logo colocou o DVD no quarto para que eu assistisse junto com ele. Confessou-me que o namorado odiava tudo que ele gostava e que se sentia muito sozinho por isso. Fiquei fascinado com a produção do show, a quantidade de violinos, a voz de ópera e incrível da cantora. A cada música era uma exclamação de admiração minha, e ele olhava-me fixamente por demorados segundo sorrindo. Eu, temendo estar exagerando ou parecer bobo, me continha às vezes. Ele colocou a perna entre as minhas e perguntou baixinho se eu queria ir ao show que aconteceria em algumas semanas. O ingresso que custava R$ 400 estava longe de meu orçamento no momento, mas ele insistiu dizendo que me daria de presente. Achei-o incrivelmente fofo e interessado em agradar afinal, Conheci-o hoje. Aceitei na condição de pagá-lo aos poucos, mas percebi que ele não deixaria, apenas pediu para que eu não contasse ao namorado já que era muito ciumento. Novamente me olhou fixamente por muitos segundos. Sustentei o olhar com uma expressão de agradecimento.

Resolvi conversar um pouco com o namorado, já que o motivo daquilo tudo era deixá-lo feliz. O marido estava feliz e comunicativo. Por vezes ele encostava-se em mim e me dava um sorriso. Correspondia-o e ele, logo em seguida, abraçava forte o namorado. Percebi que era aquele tipo de relacionamento que eu queria. Um homem atencioso, preocupado, capaz de fazer surpresas incríveis, bonito, um corpo incrível e simpático. Estava feliz pelo convite. O namorado e o marido também. Principalmente o marido que conversava comigo toda hora e ficava surpreso para cada coisinha em comum que tínhamos e que dividíamos.

Alguns minutos depois e o marido, percebendo que a cerveja acabou, pega as chaves do carro e abrindo a porta diz para que eu o acompanha-se até o mercado. Dou um sorriso aos meninos, que estavam concentrados em fazer o bolo, e pego meu celular na mesinha. Chegando no carro, ele abre a porta para que eu entre e a fecha com um enorme sorriso. Aquela atitude me deu uma vontade louca de chorar. Nunca ninguém havia feito nada parecido comigo e era exatamente como nos filmes antigos ao qual eu assistia. Ele, já do meu lado, colocou uma seqüência de musicas da Sarah Brightman e francesas, minha paixão. As músicas românticas fizeram com que eu comentasse de como ele era fofo com o namorado e a incrível preocupação em querer agradá-lo era tocante. Meus olhos, literalmente estavam mareados. Senti-me um bobo.

Ele estacionou o carro e as musicas francesas românticas continuaram. Olhando para mim com seus olhos verdes, lindos e, agora vermelhos expelindo lagrimas, desabafou tudo o que estava sentindo. Como se sentia sozinho, não fazia o que queria, todas as contas era ele que pagava, perdeu uma viagem de seus sonhos devido aos exames do namorado, que engordava cada vez mais e não trabalhava. Queria viajar, conhecer o mundo com uma pessoa igualmente ativa e feliz: Do jeito que eu era. Uma enorme vontade de abraçá-lo e acalmá-lo me atingiu. Ver alguém altruísta a ponto de sacrificar-se por alguém que ama, chorar dolorosamente daquele jeito era de rasgar o coração. Como eu faria diferente com ele. Conheci-o hoje e a estima que tinha era infinita a ponto de pegá-lo no colo e protegê-lo destes problemas.

- O que você mais sente vontade de fazer atualmente? - Perguntou-me como se sua vida dependesse da minha resposta.
- Ah, no momento era tirar uma foto com o Museu Louvre de fundo - Respondi sorrindo - E farei isso em dois anos no máximo, você vai ver.

Ele olhou fixamente nos meus olhos e emudeceu por alguns segundos. Seus olhos vermelhos destacavam ainda mais o verde profundo o qual eu me perdia a olhar. O som da musica francesa penetrava em meus ouvidos e a vontade de abraçá-lo crescia. Como um homem tão forte e musculoso parecia frágil e triste.

- Me beija? - Perguntou ele quebrando o silêncio e minha perdição em seus olhos.
- O que? - Perguntei assustado.
- Simplesmente me beija? - sem piscar ou tirar os olhos de mim ele continuou - Você é incrivelmente lindo. Andei estes últimos seis meses vendo você quase todos os dias no orkut. Lia o que você escrevia, suas frases e idéias. O quanto era inteligente e escrevia bem. Ouvi comentários do amigo do meu namorado dizendo que você não sabia o quanto era bonito e, a meses atrás para autoafirmar-se ficava com dois ou três na balada. Eu pensava indignado de como um menino tão incrivelmente lindo, uma sensibilidade imensurável, um corpo definido e inteligente, não conseguia ver o quanto era... Era... Fantástico. Você é lindo e um dos motivos do meu convite era querer olhar nos seus olhos e sentir o que é você. De como eu queria cuidar de você, mostrar como você é valioso e incrivelmente belo. Olhando nos seus olhos, tenho certeza que a ingenuidade de não reconhecer o quanto é lindo me deixa com vontade de ficar com você para sempre. Ou pelo menos te fazer muito feliz. Meu bebê.

Meu coração batia em uma velocidade frenética e descompassada. Minha cabeça girava e meu peito estava quente. Um quente gostoso. Há três meses atrás eu namorava e nunca havia ouvido um terço do que ouvi aqueles minutos. Pelo contrário, meu namorado oferecendo-me aos amigos a fim de que eu tivesse novas experiências só fazia eu sentir que não era tão importante e tão único. Não importava se eu fosse de outro, para ele não fazia diferença. Passando dor de cabeça nos finais de semana de fome por que meu ex-namorado sequer esforçava-se para levantar para comermos algo. Eu ouvia todos os seus problemas e, inúmeras vezes, ele me contava a história no menino que ele amou e que o motivou a suicidar-se. E, em meses sentindo a carência crescer, ouvir minha mãe falar o quanto estava triste todos os dias, afastar-me de todos os meus amigos para ficar com o namorado ex-suicida depressivo, visitar uma irmã com depressão pós-parto... Em meses, talvez anos, foi à única pessoa que disse o quanto eu era especial, único, valioso e importante. Seus olhos eram lindos.

- Me beija, vai? - Disse ele sussurrando e entrelaçando as mãos nos cabelos de minha nuca. A pressão do meu peito era quase explosiva. Fechei os olhos e o cheiro do seu perfume Dior ficava cada vez mais próximo...


Por Cláudio_DeLarge

4 comentários:

Anônimo disse...

Atire a primeira pedra.

L. Fernando disse...

Caraaaalho! Isso é recente? Não é assustador, mas interessante, rs!

Preciso cumprimentá-lo de novo pelo texto bem escrito, pela coragem de escrever o que acontece e por ser como é?


ps: Não querendo ser indelicado, mas Audi C3 não existe... ou era Audi A3 ou Citroen C3, rs!(desculpa, resultado de uma infância repleta de revistas automotivas e de uma ocupação automobilística)

Anônimo disse...

claudiiioo

acho que vc ta se metendo demais em "novas experiencias meios enrascadas" primeiro um ex que te oferece para os amigos deles :S
depoi seu amigo que te leva p sair com o namorado dele e o cara da em cima de vc....

to vendo que vc ta se sentindo bem e experimentando coisas novas e tudo mais....

e o mais engraçado é que existe um padrão nessas experiências...

as pessoas com a qual vc se envolve ou acaba envolvido por conta de terceiros não tem a menor noção de amizade... já parou p pensar? tipo mesmo que o namorado ofereça vc aos amigos dele, se fossem amigos mesmos não ousariam a participar de tal coisa.. ou mesmo que o namorado estivesse bodeado do atual pq só vê tv e engorda pq não conversa ou resolve o problema ou termina antes de ir avançar um beijo no amigo do namorado.

tipo... que mundo nós vivemos?? todo mundo se move de impulsos a todo instante??

acho tudo isso muito superficial, não suas experiências mas essas pessoas que participam dessas histórias.

=D

Natália disse...

Você está VIVENDO. Isso é incrivelmente fantástico.