terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Amores Imaginários

"Viver é saber se apaixonar, mas para sobreviver a essas paixões, só mesmo com senso de humor." - Carol Almeida

Todos nós temos um ideal de beleza. Essa idealização do belo, simplificadamente falando, pode ser dividida em procurante e procurado no âmbito de relacionamentos intersociais. O procurante é a idealização que temos para nós mesmos, ou seja, "Quais são as características que eu preciso ter em mim para me achar belo?". Já o Procurado é a idealização para com o outro, ou seja, "Quais são as características que o outro precisa ter para que eu ache-o belo?". Essas características podem ir além do âmbito físico e, o Ideal de Beleza, passa a transformar-se em características psicológicas. As duas características tem um grande peso e mesmo equilíbrio. Quando você encontra o indivíduo que supra esses ideais "procurados", PIMBA, é paixão na certa.

Particularmente, minha idealização de beleza é bem clara e formulada: Cabelos enrolados, olhos castanhos, nariz avantajado, óculos de armação grossa, caucasiano e corpo magro - Nem precisa ser definido. Partindo dessa colocação, meus procurado e procurante estão em equilíbrio e um reflete o outro. Há prós e contras nisso, mas não vamos entrar no mérito da questão, é assunto para outro Post. Exemplos de idealização de (incrível!!!) beleza na minha concepção, seria o ator francês LOUIS GARREL (Ô, delicia!) e o cantor libanês, MIKA.

Nesse final de semana, conheci a minha terceira idealização de beleza, XAVIER DOLAN. Ele é um exemplo da contraposição e influência onde as características psicológicas "transformam" em beleza as características físicas. O canadense Dolan tem 21 anos e já possui dois filmes em seu curriculun "Eu Matei a Minha Mãe" (2009) e "Amores Imaginários" (2010) onde dirige, atua, produz e roteiriza. Foi a partir de seu segundo filme, que meus olhos brilharam.

Título: Les Amour Imaginaries, 2010
Direção: Canadá, Xavier Dolan

Em "Amores Imaginários" o carente e bem vestido Francis (Xavier Dolan) e a orgulhosa e bem vestida Mari (Monia Chokri) são melhores amigos que se apaixonam pelo mesmo muso, Nicolas (Niels Schneider). No decorrer do filme, vemos a competição ora sutil, ora agressiva dos dois amigos na conquista. Competição justificável frente a um jovem de cabelos louros encaracolados, olhos verdes, sorriso largo e linear, autoconfiante, cinéfilo e, como se não bastasse, falador da charmosa língua francesa (Segunda língua oficial do Canadá). Todas essas qualidades sonorizadas com a música "Bang, Bang" interpretada por Dalida. Enquanto Nicolas dança e sorri em câmera lenta aos nossos olhos, Mari compara-o a escultura David, de Michelangelo. Já Francis, às artes de Jean Cocteau.

Dolan utiliza de câmeras lentas, cores fortes, universo blog e uma trilha sonora - E que trilha sonora - fantasticamente indie. Tudo em cena é pensado para ser "cult" num estilo vintage moderno. Se há algo o qual o filme não peca é na estética e nos diálogos inteligentes e criativos.

O filme não foi bem recebido pelos críticos de cinema, pois há uma preocupação excessiva com o esteticismo e visivelmente pretencioso com cópias escrachadas de outros diretores. Discordo e defendo-o com o pensamento de um cinéfilo de 21 anos que sou. Em "Amores Imaginários" vemos cores de Almodóvar, closes de Bergman, triangulo amoroso de Truffaut (Jules e Jim) ou Bertolucci  (Os Sonhadores), amor de Wong Kar-Wai, representações de Audrey Hepburn e James Dean... Enfim, uma delícia cinéfila. Se eu, com meus 21 anos, tivesse a oportunidade de fazer um filme, seria no naipe de "Amores Imaginários". Uma declaração de amor em "Sou apaixonado pelo cinema que conheci". Dolan, ainda não contente em maravilhar-me e empolgar-me com o seu filme, ainda convida LOUIS GARREL para uma participação especial que me tirou o fôlego (literalmente). Enfim, um filme que DEVE ser visto!

DOWNLOAD DE "Eu Matei Minha Mãe"

DOWNLOAD DE "Amores Imaginários"


"Você não se apaixona por uma pessoa, mas sim pelo conceito dela" - Trecho de Amores Imaginários

Um comentário:

Renato Oliveira disse...

Sincronicidades da vida. Há uns minutos atrás eu estava comentado sobre este filme em uma postagem do blog de um leitor. Vejamos, lá eu falei mal do filme e aqui nem posso ser muito ameno para não parecer contraditório, hehe.

Bastante minuciosos os pontos que você mencionou. As referências do Xavier são ricas e diversificadas, não é? eu acredito que ele seja super promissor.
Assisti "Eu matei minha mãe" e gostei, a começar pelo nome psicanaliticamente bem pensado, embora se fosse "eu matei meu pai"... gostei muito do modo como se dão os desencontros na fala entre ele e sua mãe. Agora "Amores imaginários" contudo, não me agradou. Odeio concordar com estas críticas sobre excessos e afins, mas achei que a produção do filme se sobressai por demais diante da história, que teria, por sua vez, potencial para ser enriquecedora. Contudo, o figurino e trilha sonora são encantadores, hahaha. Não me esquecerei de um sapato preto londrino que ele usou enquanto ia para a festa do Nicolas.

Obrigado pelo o que escreveu sobre o Cine Freud, alegro-me, de verdade, que tenhas gostado.

Bom feriado!

Abração