domingo, 18 de abril de 2010

Ê-Ê-Ê-Ê, My Telephone

Sou composto por urgências: minhas alegrias são intensas, minhas tristezas, absolutas. Me entupo de ausências, me esvazio de excessos. Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos. Eu caminho, desequilibrado, em cima de uma linha tênue entre a lucidez e a loucura. De ter amigos eu gosto porque preciso de ajuda pra sentir, embora quem se relacione comigo saiba que é por conta-própria e auto-risco. O que tenho de mais obscuro, é o que me ilumina. E a minha lucidez é que é perigosa.
- Marla Queiroz

Uma garrafa de Vodka, Dois energéticos, Muito gelo e Lady Gaga remixada ao ultimo volume no corsa vermelho quatro portas. Eu estava a caminho da balada Flexx, Especial Britney Spears e Lady Gaga, depois de cinco meses sem colocar os pés em uma balada. Cinco Meses! Mais um pouco e eu acharia que "Yellow Submarine" era um lançamento nas discotecas do São Paulo. Ah, como eu estava feliz.

A fila estava enorme e alguns amigos meus já estavam quase na porta para entrar. Pensei, "Não vou pegar esta fila enorme". E o que eu fiz? Menti.
- Segurança, já peguei a maquina... Como assim? Eu acabei de passar por aqui perguntando para você se eu podia ir buscar minha carteira e maquina no carro. Você não lembra? Àlias, era você que estava aqui à cinco minutos atrás? Desculpe, não lembro... Sério, muito obrigado! - Abro um sorriso tão grande que podia engoli-lo.

Rafa, Edgar, Sillas, Bruno, George, Felipe e Cao... Chego no ouvido do Sillas, que estava lindinho, "Este menino ao lado está com agente?" perguntei. Recebida a confirmação, abro um sorriso e incluo o Rodolfo na conversa. Não sabia muito bem se era a bebida ou a felicidade, mas como eu estava feliz e comunicativo... Sem procupação de discussões acaloradas ou socio-antropológicas. Para quê?

- Eu, particularmente, não gosto de pêlos. Depilo tudo-tudo. Além de deixar meu pau maior ainda deixa o bumbum mais redondinho... - Eu não parava de falar e fazia questão de incluir todos nas conversas (Normalmente, grupo grande se separa rápido) - Só deixo um bigodinho de Hitler para meu pau não parecer uma vagína superdesenvolvida. Haha!

Conversas sem pretensões...

- Certa vez vi um video onde um cara 'comia' os pés do outro. Unia-se os dois pés e e o cara enfiava o pipi dele entre... Ah, eu fiquei excitado. - Pois é, acho que era a bebida.
- O Rafa falou muito de você no trabalho. - Disse o Edgar, com seus olhos verdes manhosos e seu cabelhinho raspado - Te conheço a dois meses já, haha. Estava ansioso, você é muito melhor pessoalmente...
Tá, esta hora confesso que fiquei emocionado. Saber que um amigo 'perde o tempo' falando bem de você... Havia coisas que o Edgar sabia de mim que eu nem imaginaria que o Rafa lembraria ou contaria.
- Qual o seu filme preferido? - Pergunto ao Edgar
- Amelie Poulain!
- Wow, adorei você. - E eu o agarro em um abraço de urso.

Mesmo eu 'cortando a fila' (Feio, né!?) demorou para entrarmos ainda. Durante este tempo, Encontrei na fila uma antiga colega de trabalho - "Como você está lindo!" - Um menino do Orkut - "Delícia, agente se encontra lá dentro" - um ex-ficante - "Não some mais, pô. Saudades" - Uma antiga amiga da escola - "Seu gay mais gostoso do mundooo", dizia aos berros. Aquela noite era minha!

Bad Romance, LoveGame, Circus, Toxic, Paparazzi, If You Seek Amy.
Selinho no Bruno e no Sillas. Selinho na Pri e no Alex.
Na hora do selinho do Rafa, dancei lentamente, peguei seu rosto em minhas mãos e tasquei-lhe um selinho. Com o Edgar, peguei-o pela cintura e puxei-o gostoso para perto. Dei-lhe um selinho. Com o Rodolfo, foi mais lentamente, nossas testas encontaram-se, os narizes acariciaram-se. Meu braço envolveu-lhe o corpo e houve a reciprocidade. Caminhei meu nariz carinhosamente pelo seu rosto sem dizer nada. A tensão sexual era forte. Lambi seu lábio inferior e ele pressionou-se mais ao meu corpo. Mordi seu lábio inferior e puxei seu cabelo para trás. O beijo começou. Agressivo e totalmente equilibrado. Encaixado.

Caipirinha de Limão e outra de Maracuja. Coca-Cola. Água. Chamdon. Coca-Cola. Absinto. Coca-Cola.

No banheiro esperando meus amigos sairem, os meninos transitavam e comentavam. Olhavam e, uns mais extrovertidos, passavam a mão. Eu, tonto mas completamente são, não ligava. Aquilo levantava meu ego e fazia com que eu me sentisse bonito. Sem camiseta já, um, dois, três, quatro, cinco... Olhares, caricias nas costas e barriga, puxadas pela mão. Nada me interessava, eu só queria dançar.

Telephone e Three foram os ápices, mas foi em Womanizer que eu e meus amigos abraçamo-nos formando uma roda gigante cantando aos gritos.

Babe, pick a night
To come out and play
If it's alright
What do you say?
3 - Britney Spears

Fim de relacionamentos, "Aueê" na porta da boate e comanda perdida. Amigos, Ah, amigos...
Admito, já cheguei a comentar em um post que balada era lugar de gente triste. Poxa, peço que me perdoem. Quando estou acostumado com uma versão de mim que imponho-me a segui-la, surge outra cheia de perguntas e tento decifrá-la. Completamente diferente. Minha personalidade é variável, mas minha essência não. Meus pensamentos serão eternemante satânicos e inesgotáveis. Estou feliz e não questionarei isso. Para quê? Só sei de uma coisa, Karl Marx já disse "os tempos de reflexão acabaram, começa a ação".


"Perder-se é querer se encontrar em lugares mais amplos." - Nietszche

Por Cláudio_DeLarge

3 comentários:

Anônimo disse...

Q bom q vc voltou pra gente.

Unknown disse...

Numa outra balada, essa sua amiga reaprendia a se divertir sozinha. :)
Não fui (nem sou) tão intensa como vc, mas aos poucos eu me redescubro!

Natália disse...

Nossa, era esse mesmo o poema que deu título ao meu blog.

Não querendo discordar de Marx, mas nessa situação eu não acho que os tempos de reflexão acabaram. Acho que eles se intercalam com a ação. Fico feliz por você ter aproveitado a balada, mas sei também que daqui a pouco você vai repensar isso. E é assim que vamos vivendo ahahuahauha