quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Big Brother Brasil : O Ego Humano

"Não há nada mais transitório que o entretenimento e a beleza física, e os idolos que o simbolizam, são igualmente efêmeros" - Bauman

O "Big Brother" (ou Grande Irmão) é um personagem do livro "1984" do autor George Orwell (O Mesmo de "A Revolução dos Bichos"), que descreve uma sociedade de ditadura totalitária vigiada por uma grande tela de TV. Criado em 1999 por uma TV da Holanda, é sucesso estrondosso em quase 70 países e já está na décima edição brasileira.

Sendo um dos programas mais críticados pelos 'cabeças' pseudo-intelectuais, o BBB é o imagem da sociedade de consumo atual em detrimento ao conhecimento. Além de ele ser uma miniatura da idéia capitalista da sociedade atual, ele é a exteriorização do nosso interior, o Ego. Acho que estou falando muito dificil, vou simplificar: Digo, "Eu gosto e sempre assisto Big Brother", por mais que os intelectuais de plantão defina-o como um programa inculto e fútil. No entanto, o futebol também é fútil e não acrescenta nada, e todos aceitam. Aliás, o futebol é o maior exemplo de Política "Pão e Circo" pós-moderna mundial, mas é o Big Brother que mais assemelha-se a esta política. Vou Explicar.

Política de "Pão e Circo" era aquela que o império romano utilizava para conter o descontentamento da população. Distribuía comida simples e diversão ao público, representada nas lutas dos gladiadores, o 'futebol antigo'. Da mesma forma é o Big Brother, o qual os participantes lutam entre si até a 'morte'. Quando o gladiador encurralava o oponente, o público telespectador decidia a sua 'morte', remetendo-se diretamente ao 'Paredão'. Os gladiadores eram treinados e selecionados pelo seu físico e porte, mas qualquer um poderia inscrever-se, pois era um meio rápido de ascensão social. Como a entrada no coliseu era gratuita toda a população tinha acesso. Assim, criava-se uma maneira de despolitizar a população, ou seja, o assunto era desviado. Logo, não é coincidência que o BBB e a novela das oito - Sempre dona do roteiro que mais 'prende' a atenção do telespectador' - comece logo em seguida do Jornal Nacional. Assim, não temos tempo de pensar ou absorver as notícias, a fim de questioná-las.

O Big Brother é nosso ego televisionado.
Vivemos na sociedade do espetáculo, onde consumimos coisas descartáveis transformadas em necessiadade. Isso por que o produto é importante, por que somos um produtos. Não há interesse em conhecer um conteúdo se a embalagem não for interessante, esta é a verdade. O Big Brother nos disseca. Fazemos um culto ao próprio corpo e nossa imagem. Por isso que o Big Brother tem centenas de espelhos e uma academia enorme, e não uma biblioteca. As virtudes são consideradas defeitos. Prova disso é a eliminação rápida dos sinceros, competitivos e autênticos (No sentido se ser a si mesmo): Espelho nosso que não queremos ver. Em contrapartida, gostamos da promiscuidade e nudez em tela. É a nossa vontade de ser expostos: Identificação. São três meses sem sexo por que a imagem de si é tão importante que já satisfaz o indivíduo. Além disso, os participantes masculinos muitas vezes juram amizade eterna - Até pacto de sangue já rolou - e demonstram seus sentmentos, diferentemente das mulheres que nunca dizem "Amigas para Sempre". Isso acontece por que a ala masculina é mais vulnerável, embora seja estranho em um país considerado machista. É o padrão heteronormativo caindo por terra. E Sair deste paraíso do espetáculo é como ir para o "Paredão" e ser morto. O que adianta existir se não aparecemos?

O Legal do Big Brother é isso: Vivenciar as alegrias e tristezas de outra pessoa ausentando-se da própria vida, mas observando-se no outro. Ou assistimos por que nos identificamos com os protagonistas, ou para nos sentirmos menos mediocres. Ou melhor, não o assistimos, apenas para nos sentirmos menos idiotas que os participantes e os telespectadores. Confuso, né!? Nós não questionamos ou pensamos, apenas assistimos com voracidade esperando sempre a próxima versão do programa anterior, que já foi esquecido. É uma escolha: não queremos sentir, pensar ou agir, apenas abdicamos de nossa angústia existencial para que, nem personagens e nem atores, vivam intensamente por nós.

A GRANDE JOGADA: OS HOMOSSEXUAIS
A Rede Globo da 'carta branca' a todos os autores de novela, exceto em beijos gays. Vários foram vetados, mas Boninho, diretor do programa, colocou três homossexuais assumidos na décima edição do BBB10 (Sérgio, o Sr. Orgastic; Dicésar, a Drag Queen Dimmy Queer; e Angélica), além de uma dançarina bissexual (Eliana) e a dona da maior comunidade contra homofobia do Orkut (Elenita, dona da "Homofobia - Já Era").
A audiência só vinha decaindo desde 2005, e a grande jogada de Boninho foi colocar a comunidade mais evidente e que mais consome no espaço midiático atual: Os Homossexuais. Meu amigo disse "Ah, não gostei deles por que eles assumiram-se muito rápido". O que ele não entende é que os participantes não se assumiram, mas o próprio Big Brother assumiu-os. Tanto é que a primeira pergunta que Bial faz a Angélica referia-se a sua preferência sexual e, na repartição dos grupos, os "Coloridos" ficaram bem evidentes, É intencional.

E a audiência sobe: Sua estréia atingiu 30 pontos, contra 9 do SBT e da Record. Foi a segunda menor estréia, mas a novela "Viver a Vida" tambem não ajudou, que possui 28 de audiência.

De qualquer forma, é um tema polêmico o qual ela aborda. A homossexualidade ainda é um tabu e deve ser muito explorado ainda. Foi muito criticada na comunidade oficial do programa do orkut, mas a audiência continua subindo. Sim, vou torcer para os gays, simplesmente por que são gays. Dizem que a hipocrisia nos salva em muitas circunstâncias. No caso do Big Brother, ela é sempre uma grande vencedora.

Por Cláudio_DeLarge

2 comentários:

Unknown disse...

Sinceramente, não gosto de BBB há muitas, muitas edições. Acho que assisti às 2 primeiras e perdi o interesse. E não (só) pelo papo "intelectualóide".
Não acredito que aquilo seja um retrato da vida real: ali estão todos encenando seus papéis de acordo com o que Boninho e audiência decidem. Não há conversas reais, amores reais, amizades reais, comportamentos reais. Tudo não passa de uma grande caricatura.
Além disso, todas as edições são iguais e inclusive é possível prever o vencedor na 1ª semana. Então... pra quê assistir? Pra ter assunto com as pessoas nas rodinhas de conversa? No, tks.
Não vejo a menor graça em assistir marionetes, gente que não fala nada de interessante e só sabe gritar "uhu!". E discordo completamente dessa ideia de identificação, de "se observar" ao assistir àquelas pessoas. De reais elas não têm nada, a não ser que EU seja uma grande esquisita que não se comporta como os outros, o que eu não acredito que seja verdade porque me acho normal até demais...
Admiro a iniciativa de colocar homossexuais lá dentro, foi a grande sacada pra alcançar ainda mais telespectadores. Mas isso não torna o programa mais atraente pra mim; continuo a manter a mesma opinião. Pra ninguém aqui em casa, aliás, porque todo mundo assiste outra coisa ou procura alguma outra pra fazer.
Enfim, eu não gosto, não acho válido, não acho NECESSÁRIO pra ninguém. Mas respeito quem assiste - e gosta. Só fico meio de mau-humor quando as pessoas não respeitam minha opinião ou quando não sabem falar de outra coisa, como aconteceu essa semana no twitter e msn.
Não saio por aí disparando comentários sobre as coisas que vejo/leio/gosto ininterruptamente, mesmo num dia de muito tédio. Será que ninguém tem nada pra falar da própria vida que precise se apegar à de outras sei lá quantas pessoas, que sequer são realmente reais nesse momento?
Passo a minha vez e prefiro ficar ouvindo minhas musiquinhas, vendo outros programas ou até dormindo. ;)

Natália disse...

Tudo que eu pensei em dizer, a Winnie disse. Então vou te poupar de ler tuuudo de novo.