sábado, 20 de junho de 2009

"A Insustentável Leveza do Ser" (Desabafo)

"As pessoas são tão felizes quanto elas decidem mentalmente ser" - Abraham Lincoln

Acordo na madrugada depois de um estranho sonho que não lembro, estico o braço em direção ao celular, vejo as horas - 4h30 - Tenho ainda uma hora para dormir. Sorrio e logo adormeço.
O despertador acorda-me ao som de "You're the One That I Want", tema central do filme "Grease". Ao lembrar que hoje tenho aula de antropologia, sorrio e vou em direção ao banheiro. Começo a despir-me, olho-me no espelho, vejo que os 400 abdominais de ontem deram resultados e sorrio.
Banho tomado, saio de casa em direção ao metrô. A cada trem que passa, mais lotado de pessoas ele encontra-se e mais apertadas e desconfortáveis elas estão. Lembro-me que as férias estão chegando e sorrio.
Já dentro do metrô, estou ouvindo rádio e o locutor conta uma piada, - "O que é um pontinho branco fazendo abdominal? É o abdominável homem das Neves" - não aguentando caio na gargalhada da anedota idiota ali mesmo, cercado de pessoas sonolentas e mal-humoradas que me olham de esguelha - Menino doido!
Chego na estação desejada e, logo na escada rolante, um homem me olha. Ou eu estou bonito, ou minha blusa está muito gay. Lembro-me da ultima balada que fui com meus amigos a qual eu estava com aquela blusa. Sorrio.

Após a faculdade, vou ao trabalho e cumprimento cada colega, minha chefa e a chefa da minha chefa. Todos mostram gostar muito de mim. O porquê eu não sei, mas isso me faz dar um sorriso.
Logo às 19h, vou ao banheiro novamente. Acredito que tenha sido a 15° ou 20° desde que cheguei. Tenho um bom fluxo urinário, modéstia parte. No caminho sempre encontro algum conhecido. Conversamos um bom tempo, volto a minha mesa de trabalho e vejo a enorme quantidade de e-mails para responder. Penso, ainda bem, caso contrário não teria trabalho, e sorrio.
Chego em casa as 21h30 e vou a academia. Treinarei ombro e biceps e o professor decidiu aumentar 1,5kg. Entranhamente o braço esquerdo não me obedece em relação ao direito. Penso que a causa possível seja a masturbação. Olho-me no espelho, percebo a besteira que pensei e sorrio. Uma hora depois chego em casa. Durante o banho. Se tem algo que me faz revirar os olhos é passar sabonete nos pés e pressioná-los sobre o tapete do box. Chego a morder os lábios e dar uma gemida. Banho tomado, jantar na mesa e a cama me chama. Deito e sorrio esperando o próximo dia.

Um dia da rotina. O que eu sempre prego é o bom humor, otimismo e ver as coisas simples da vida. Tenho uma sincera e genuína felicidade quando vejo um sol forte inundando a minha mesa de trabalho. Este dia de rotina repete-se por meses e eu sempre faço a mesma coisa, sorrio. Sinto-me leve.
Será que a leveza que eu sinto é sincera ou é um peso que transfere minha atenção ao peso mais pesado? A forma como contei o meu dia foi bem sincera, mas omiti alguns fatos, como meu celular, por exemplo. Tenho uma relação de amor e ódio com ele. Incrivelmente ele toca toda hora. Seja mensagem ou ligação. Esta semana em especial, fora de uma pessoa que queria me conhecer e tinha tudo para darmos certo. Só que, como sempre, não deu.
Certa vez tive uma conversa com um menino que flertava comigo no meu antigo trabalho. Por MSN ele irritára-se pela minha indisponibilidade. Associou-me a Síndrome da Fiona.
A Síndrome da Fiona trata-se da princesa que está trancada no alto de uma torre e protegida por um dragão em sua base. Ao redor do castelo há uma floresta perigosa. O diferencial desta princesa é que ela tem a chave do castelo que a prende, mas ela continua lá. A sua intenção real é querer encontrar um priícipe encantado, que será aquele que conseguir chegar nela após tantos perigos.
Foram inúmeros os homens e meninos que conheci este ano. O B., que desisti por ligar 35 vezes no meu celular em um dia (Agora somos amigos). O C., que me adicionou no MSN e ao abrir a cam, vi o pênis dele. O M., que conheci no CINESESC e, lá, ele colocou a mão no meu pênis.(Não que eu não goste, mas que fosse com calma, né?). O , que já abriu minha calça e me fez sexo oral nas primeira duas horas que me conheceu. O A., que era muito bonito, mas falou mal de Chaplin. O V., que é muito inteligente, mas não é assumido. O R., que é um dos mais inteligentes e bonitos, mas que não fez nada que eu não gostasse. Entre outros...

O problema não são eles, e sim eu e meu bloqueio. Segundo Parmédes, há uma rica ligação entre peso/leveza, o que é uma problemática na dualidade do Ser, onde afirma que esta dualidade surge da presença e da ausência de entidades. Ou seja, o frio é apenas a ausência de calor, as trevas são a ausência de luz, logo, o peso é ausência, é a não não-leveza.

A partir daí, torno-me um individuo que se recusa a carregar o peso da vida, vivendo sem nenhum compromisso com as relações amorosas. Enfim, alguem que escolhe ser “leve”, ou seja, livre. Em contrapartida vêm a meditação Nietzscheana, quando pondera sobre o Eterno Retorno, teoria que prevê o angustiante vazio para quem tem uma vida linear, longe de buscas e aventuras.

Mesmo não querendo (ou tendo medo do) compromisso, não sou adepto a aventuras sexuais. E aí vem Nietzsche, que afirma que a vida é um eterno retorno, porque temos a obrigação de errar e voltar a errar quantas vezes for necessário desde que não cometamos o erro de viver em um ciclo de mesmices. Logo, devemos ter uma vida de liberdade, uma vida que valha a pena ser vivida.

Em conversa com minha irmã (Amo-a), decidimos que devo voltar a frequentar a psicóloga da família. Não por este motivo, mas por um em especial que não vou falar hoje por que já me 'abri' muito. De qualquer forma, não dependo dela para desbloquear-me, mas dependo de mim mesmo. Como diria David Waitley não é o que você é que te restringe, é o que você pensa que você não é.

E eu desabafei mesmo e nem ligo. Afinal, se você abre o seu coração, o amor abre a sua mente.

"É a mente que faz alguém sábio ou ignorante, escravo ou livre" - Ramakrishna

Por Cláudio DeLarge

4 comentários:

C. Junior disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Claudia disse...

amor, vc eh lindo e tem q ser exigente msm. Msm eu sabendo que vc nem curte vaginas e namoraria soh uma cinefila, eu ainda caso com vc, amooooooooooooooooooooooooooooooor. aopkaopakaopkapoakopa

amo vc!

Paulo Ricardo disse...

enfim , te conheci um pouco lendo este post :)

e pelo pouco que conheci, vi que voce reflete o que sente em relaçao a tudo e todos ao seu redor. Então na maior parte, voce não tem culpa, apenas reflete.

se quiser me add no msn
agente pode conversar (preciso de umas dicas pro meu blog m ajuda? )

pulimpr@hotmail.com
vlwwww

Anônimo disse...

Este texto é o melhor, rs, li o outro antes deste.

"O R., que é um dos mais inteligentes e bonitos, mas que não fez nada que eu não gostasse."

Primeiro duas qualidades (inteligente e bonito), depois um "mas" para explicar o que deu de errado.
Entre a vírgula e o "mas" ficou faltando justamente a nossa hitória, aquela que não vivemos.

O que você escreveu é lindo... E demonstra que está com o amor voltado para si mesmo. Talvez seja um momento que você necessita disso.
Confesso que há tempos estou na mesma...
Um dia minha terapeuta me disse: "Espero que você continue namorando consigo mesmo por um bom tempo...".
Eu beijo, converso, transo, procuro entender o outro... Mas isso é uma forma de me amar também, e aos poucos conseguir amar o outro.
Já disso isto para você: amor nasce conosco, amar aprendemos ao longo da vida.

E ser exigente é uma forma de se amar também.
Eu me culpo por ser exigente, mas essa culpa é autoboicote.

Beijs,

Rafa.